Proseando

Desde muito cedo tive o privilégio de conviver com um homem sábio, o meu avô.

Diretor Geral do Correio da Manhã, o velho Mario Alves era um homem completo que eu, ainda criança, às vezes achava que era Papai Noel.

Anos foram se passando e eu aprendendo com ele a cultivar amigos, a ler, ler muito e a ouvir sempre, a ouvir muito.

Gourmet e gourmand, o velho Mario Alves adorava receber para almoços regados a longos papos e a bons vinhos. Por nossa casa na Bulhões de Carvalho 17, passaram figuras ilustres como Otto Maria Carpeaux, Café Filho, Carlos Lacerda, Graciliano Ramos, Paschoal Carlos Magno, Helio Beltrão, Salim Simão,  Moniz Vianna, e até o Dick Farney com seu violão, a cantar Fiz Meu Rancho na Beira do Rio para uma menina de tranças que olhava embevecida e encontrou ali seu primeiro grande amor.

Teria seguido seus passos no jornalismo, não fosse o precoce casamento. Quis o destino que   meu velho amigo morresse no quarto ao lado do meu, justamente quando nascia meu primeiro filho. Nem pude me despedir do meu velho avô. Só tiveram coragem de me contar, um mês depois. 

Por aqui deixou essa alma aflita que agora celebra  a vida do velho avô Mario Alves, compartilhando alguns pensamentos esparsos esperando ouvir, lá de cima, seu aplauso!